A parabólica numa gaiola
São vários prédios iguais. A vista da janela é a mesma para todos: a vista da janela dos outros. Aí, nessa gaiola, eles sobem, descem, dormem, tomam banho e diz cá que vivem.
Eu mesma nem sei mais se vivo, eu sobrevivo. A garrafinha de água já está seca, melhor pegar outra, olha só que seca. Mas, pensando bem, eu nem vejo a seca. A grama do condomínio é bem verdinha. Seca pros outros, a minha é linda e verde porque a taxa é paga pontualmente, feito um inglês.
Aliás, dizem que eles são secos, os ingleses. Eu não sei, não conheço um inglês, então deixemos a secura deles com os que são secos.
Apareceu uma sombra estranha nas janelas do prédio da frente. A parabólica – palavra engraça (e quase que eu escrevo palaBra, com b. modéstia a parte, eu acho palabra mais bonita). Em cima, os pombos.
Tenham pena de nós: eu na minha gaiola e a parabólica-palabra-engraçada é prisioneira dos pombos nojentos, enquanto sua sombra invade a janela alheia e muda a minha visão.
Eu mesma nem sei mais se vivo, eu sobrevivo. A garrafinha de água já está seca, melhor pegar outra, olha só que seca. Mas, pensando bem, eu nem vejo a seca. A grama do condomínio é bem verdinha. Seca pros outros, a minha é linda e verde porque a taxa é paga pontualmente, feito um inglês.
Aliás, dizem que eles são secos, os ingleses. Eu não sei, não conheço um inglês, então deixemos a secura deles com os que são secos.
Apareceu uma sombra estranha nas janelas do prédio da frente. A parabólica – palavra engraça (e quase que eu escrevo palaBra, com b. modéstia a parte, eu acho palabra mais bonita). Em cima, os pombos.
Tenham pena de nós: eu na minha gaiola e a parabólica-palabra-engraçada é prisioneira dos pombos nojentos, enquanto sua sombra invade a janela alheia e muda a minha visão.
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