Thursday, November 30, 2006

Saiu.

O choro pra fora, a lágrima seca. Seca adjetivo, seca verbo. O nó não jaz mais aqui dentro. Amém e além. O choro foi-se embora, saiu assim numa noite fria e enrolado em um edredon. Interiorizou-se no travesseiro, empapou tudo. Fungou. Não havia motivo ou inquietação, mas ele precisava sair. O choro já me aborrecia antes quando dentro de mim. “Assim você fica mais humana, mais perto do sentimento”. Não.
O meu choro é sem humano. Porque o meu humano se confunde com a minha essência e ela quer rir. O meu choro chorou porque, finalmente, se deu conta de que não dava mais. E jogou o ponto final na minha cara, brutalmente. Pra ver se assim eu via logo que não não não não não. Teimosa.
O choro evidenciou a saudade sua, você que não lê e não sabe disso aqui. Ou talvez tenha visto quando a gente se viu. Havia o terceiro elemento. O terceiro elemento, que você disse não ser o motivo do ponto. O terceiro elemento agora é dono das reticências que eu queria.
Pretérito imperfeito. Queria. O choro ajudou, saiu. Quem queria não quer mais. Aquela tarde embaixo da arvore, apoio do banco de concreto e a correria me fez ver que não. Sabe, a teimosia é toda minha. Nunca falei isso, só que eu morria de vontade de ver novamente. Morria, pretérito imperfeito também. Então, o terceiro elemento virou seu par, vocês viraram plural e seguem com suas reticências.
Eu assumi a fôrma singular e a aceitei. O choro saiu um pouco dolorido e, mesmo chovendo lá fora, sou a que está bem perto do sentimento. Feliz e sinônimo de sorriso.

Wednesday, November 22, 2006

:oD

Eu quero sorrir com a alma. Parar de invejar as folhas amarelas que se embaralham no vento louco. O vento leva as meninas para passear e elas se divertem. Bastante. Elas rodam, vão longe e param. O vento insistente sopra forte dessa vez e elas, caraaaaaamba! Elas brincam muito. Eu queria sentar no meio fio e observar a ventania com elas. Não precisa me chamar, eu fico quietinha. Juro mesmo, nem atrapalho.

Eu quero que a minha alma volte a gargalhar sóis. Parar de não passar o filtro solar de manhã. Quando ele toca a pele, deixa tudo branco. “Mas, doutor, eu tenho melanina!”. O filtro protege. O filtro tem um cheiro gostoso e faz tonalidades Timbalada na minha pela. De um lado para o outro, o branco brinca com o moreno. Ele protege. Ele nem fica mais branco, fica não-branco e estranho. A morena fica quieta, a passar o filtro. O sol virá, depois.

Então, terei risos verdadeiros.

Saturday, November 18, 2006

Mèrde.

O desejo é de ser tirada do pedestal de musa da segunda geração romântica. Mas a vontade mesmo é de ter aqui. Bem agora, como desconhecidos a brindar futuros sorrisos.

Acordo. Ainda há um grande abismo. Mèrde.

Sunday, November 12, 2006

11:11

Correntes de email são chatas. Inúteis e enchem a caixa de entrada. Mas uma vez, algum desocupado – ou seria eu a desocupada por ler? – enviou uma que falava sobre amor. O que, cá entre nós, não é tão novo, já que boa parte fala sobre essas quatro letras. Depois de bonitas fotos, pessoas em beijos apaixonantes e vida cinematográfica que eu não tenho – longe de mim ser a titia com raiva da vida por ser solteirona, digo logo – surge a (in)feliz sorte de que o meu grande amor me ligaria às 11:11. Da noite.

Vamos combinar uma coisa?
Como boa moça solteira, minhas companhias me ligam antes desse horário. E não seria conveniente receber declarações a essa hora. Mesmo porque, pessimista ou não, acredito que, quando um homem toma tal atitude às 11:11, ele está pra lá de Bagdá, como diria mamãe. Ou seja, a bebida entra e a besteira sai. Pobre ouvinte.

O meu grande amor não me ligou. Não sei se foi bom ou ruim. Ele não me ligou. Não me ligou. Não ligou. Não. Era só uma corrente, mas... Mas era só uma corrente que agora, acreditem, me faz falar toda vez que vejo 11:11 ou mesmo 07:07 que há alguém que estaria a pensar em mim.
E como bela mulherzinha, é melhor que pense em mim às 11:11, ao invés de me ligar. Pensando bem, melhor assim porque não corro o risco de ouvir frases sem nexo balbuciadas pelo efeito nefasto de uma loira gelada.

São 11:11 e tem alguém que a essa hora pensa em mim.

Wednesday, November 08, 2006

A casa no campo e (toda) a gente.

Toda a gente quer uma casa no campo. Eu também quis, uma vez. E seria linda, imaginávamos tudo a sorrir e plantas testemunhas de beijos. Ah, esses aí!

Então, agora que nossos sorrisos não são tão sorrisos assim e nossos beijos são parte do que se chama passado, não haverá plantas testemunhas. Pergunto a toda a gente:
Será que a casa no campo quer vocês?

A casa no campo quer ser palco de sorrisos, minha gente.
A casa no campo quer as plantas testemunhas, minha gente.
A casa no campo quer beijos, minha gente.
A casa no campo quer conversa, quer café da manhã, quer a buzina, quer as cadeiras cheias, quer virar a noite e quer fogueira com toda a gente.

A gente, que já quis de verdade a casa no campo, sabe disso.
Toda a gente que quer, ah! Eles têm de saber. Se não, a casa do campo não vai querer toda a gente.

Thursday, November 02, 2006

Calor.

Enquanto eles discutem sobre Ines de Castro e sua mortevida, eu fico aqui. A digitar e com muito sono. Dormir? Gostaria.

Tipo aquela historia: a bebida entra e a verdade sai.
Em mim? Um pouco de licor entra e o frio sai. Que calor, que sono. O massagista tera que saber abanar. Que calor.



Herege? Dia de finados chove, e cinza, nao ha movimento e eu tenho calor. E o sinto. Porque ter calor e tao chato. O calor, esse calor, voce tem que senti-lo. Voce tem que assoprar pra dentro da blusa, ali onde os seios se encontram, e aaahhh nao refresca. O cabelo preso num rabo, acalenta a nuca. Mas com esse calor e essa quentura toda, o cabelo fico todo bonito, aveludado. O meu nao-sorriso ainda prossegue, os sopros tambem.
Que calorosa!