Thursday, April 27, 2006

Teoria.

Tenho uma teoria - que a cada dia que passa se torna verdadeira - sobre rapazes bonitos que são músicos. Mas quando estão an flor da idade, o que seria a partir dos 18 anos. Sabemos que eles são, sinceramente, irresistíveis e começa por aí. Showzinho, ele explode com seu charme melódico - literalmente! - e as meninas desfalecem.
É claro que algumas - ou muitas? - delas serão "agraciadas" com seus beijinhos, ou melhor, o início são os beijinhos e sabe-se lá como termina. A noite/madrugada acaba e elas são deletadas de sua memória. O paradoxal é que ele fala de um amor em suas letras, porém possui vários. Ou seria ele o esperto?

O que quero dizer é que eles são como aquele professor de física lindão e charmoso - não mais que Al Pacino em "O Poderoso Chefão" porque aí o cara se acha. Nasceram para serem admirados, a não ser que você não seja tola e aproveite. Mas não diga que não avisei, a garantia desses deuses musicais é só de uma noite. E só.

Wednesday, April 26, 2006

Bola de Cristal.

Ontem estava eu indo pegar o metrô na Uruguaiana quando uma cigana me parou. Dizem que escorpianos tendem ao misticismo e como não nego a maioria das características do meu signo, sempre tive vontade de que jogassem tarô para mim. Não que acredite piamente nas cartas, mas como diria um velho provérbio catalão de conhecimento geral: "no creo en las brujas, pero que las hay, las hay!"
Perguntei o preço. Com pena da minha cara de universitária pobre e desempregada, ela acabou baixando de absurdos cinquenta reais para míseros dez contos...
Aí parei, pensei e disse: "Não, obrigado."

Obrigado, mas eu não quero saber se vou ser rica e poderosa, ter duas filhas, morrer velha e solteira numa casa cheia de gatos, morar na Espanha, ou na Austrália, ou em Ipanema, ou na Nigéria, ou no Cazaquistão, se vou virar pop star, acabar na rua da amargura, ganhar na mega-sena; se vou ser a primeira presidenta do Brasil, ser uma mãe legal, casar com o Jude Law, ter meu próprio negócio, morrer de câncer, viver pra sempre, viajar o mundo inteiro, aprender a dançar forró. Se vou rir, chorar, ficar com raiva ou amar. Se vou sair capa da Veja ou se vou é ser presa e exilada, se vou descobrir a cura da aids, casar com um judeu, sair da faculdade e virar hippie...

Afinal, qualquer que seja o futuro que talvez ela teria me dito, me tiraria da órbita do presente.
Ela me diz "você vai tropeçar na próxima esquina.", então eu sigo o caminho até lá só matutando um meio de não tropeçar. "Não não, na próxima esquina é que está o pote de ouro!" E eu vou correr o caminho, desesperada, até chegar ao pote.
Mas... como era mesmo o caminho? Tinha flores? Era bonito? O chão era ladrilhado com pedrinhas de brilhante para ver meu amor passar?
Eu não sei, estava ocupada demais para prestar atenção nele.


Então, não, cigana, obrigado.
Naquela hora eu percebi que prefiro continuar assim, sem saber o que me espera na próxima esquina. O fascínio das ilusões, o sabor da expectativa, a curiosidade e a vontade de desbravar o mundo, o medo do que se segue, tudo isso, junto e misturado, mas sem deixar de admirar o caminho que estou trilhando...
O que é a vida senão isso?



"E se eu for o primeiro a prever e poder desistir do que for dar errado?
Dispenso a previsão."

[O Velho e o Moço - Los Hermanos]

Wednesday, April 19, 2006

Na ginecologista.

- (...) e aqui estão os pedidos para o exame de ultrassonografia.
- É... O exame que faz todo mundo olhar espantado para a minha cara, achando que sou a nova adolescente grávida do pedaço!
- Não, meu bem. Eles se espantam é quando você começa a beber água e eles descobrem que você ainda é virgem...

Cozinha-me e faça-me acreditar!

-- O problema é que você acha que todos nós, homens, somos iguais.
-- Sendo homens, vocês todos são iguais.
-- Não.
-- Claro que sim. É tudo uma questão de tempo para que se revelem clones!
-- Não.
-- Siiiiim!
-- Há exceções.
-- ...
-- Eu, por exemplo. Eu acredito no amor!
-- Acreditar e não viver tampouco me convence.


Ela não pode porque não vive. E não vive porque não acredita. Ou melhor, vive uma novelinha insossa cotidiana. Os temperos aparecem, claro. A vontade de derramar todos é enorme, mas quem deveria fazê-lo não é ele.






que pena.

Monday, April 17, 2006

Tema similar

Mesmo ritmo que a Srta Rosa. E o tema similar, até ri quando li.

A mãe me deixou hoje no estacionamento da faculdade. Me soa estranho até agora não falar que eu vou ao colégio e simmm à faculdade. Mais estranho ainda quando eu me vi perdida com a sigla da aula de Introduação à Ciência Política. "Dios Santo, y ahora.?"

PAT AT 045. Tá né. "Lê-se: Pavilhão Anísio Teixeira". Claro e onde é? Descobri sozinha. Sozinha. Antes eu entrava na sala e o professor que mudava. Agora ambos mudam. Não há mais necessidade de pedir permissão para ir ao banheiro e reunião de pais é algo do ano passado -- sim, eu fiz questão da mãe ir à última reunião.

Não há uniforme e nem lista de material. Quer dizer, a professora passaou um "texto" para quarta-feira discutirmos em sala. Se bem que eu quero discutir mesmo o que é um texto pra ela -- 34 páginas eu classificaria como capítulos de um livro.

Eu que sempre fui meio de esquerda e "do-contra" em relação a qualquer repressão e não gostava de bedéis que me mandavam ir para a sala, sinto falta. Se eu for, ótimo. Se não for, eu que terei culpa nisso.



O peso do eu e a sua autonomia me assustaram no começo. Mas nada como saber que se a responsabilidade é minha, o meu orgulho é certamente maior.

(e claro, agora volto ao "texto" para quarta).

Friday, April 07, 2006

Essa moça tá diferente...

Eu estava começando a escrever outro texto, outro devaneio bobo, quando meu pai me pediu para ir entregar o cheque do condomínio para o síndico. E lá fui eu, um andar para cima, tocar a campainha do apartamento dele e ficar esperando os segundos necessários até que alguém, do outro lado, gire a chave e abra a porta para me receber.Mas dessa vez esses segundos me pareceram bem mais do que apenas segundos.

Pois é... eu já estou com dezoito anos.

Há sete anos eu repito esse trajeto: pega o elevador - sobe um andar - toca a campainha. Sete anos olhando para frente, para mesma porta de mogno num tom nem claro nem escuro. E essa mesma porta também me vê, e me viu crescer. Viu a Srta Rosa de franjinha, e viu a Srta Rosa de cabelão. De uniforme de escola, cansada de tanto ouvir sobre Combinatória e Revolução Francesa; e me vê preocupada com o jornal que é para entregar na semana que vem. Me recebeu vestido florido, ainda sem alcançar o olho mágico e agora me encontra dois palmos mais alta - e ainda mais um, por culpa do salto alto.

E além de me ver, ela me sentiu. Triste, feliz, preocupada, boba, insegura, inocente, apaixonada, com dor-de-cotovelo, alegre, pensativa, arrependida, vingativa, irritada, decidida, decepcionada, orgulhosa, animada e tantos mais sentimentos existirem nesse mundo, podem acrescentar nessa lista que eu senti. Porque não foi apenas a altura do meu olhar que alcançou o olho-mágico, nem o meu corpo que desenvolveu, muito menos os dígitos do campo "idade" que aumentaram. Eu mudei mesmo - e como mudei - foi aqui dentro. E essa porta, que recebeu a menina-Srta Rosa, aquela menininha calma, do sorriso tímido e da franjinha de lado, meio que insegura, com aquela inocência de quem não conhece nada da vida, tocando a campainha com delicadeza de princesa, de menina mesmo, agora vê tocando a campainha, com decisão, a mulher-Srta Rosa, que já não se esconde por detrás de franja, já não tão insegura, nem tão inocente, nem tão tímida...
Mudei, cresci, amadureci. E apesar de já poder ter conta no banco, dirigir, votar, assinar papéis e entrar em boates sem precisar de carteira falsa; e até mesmo depois de já ter me decepcionado, chorado, tido raiva de tudo e de todos e descoberto que nem tudo é como deveria ser, eu continuo enxergando o mundo com os mesmos óculos cor-de-rosa da inocência típica de meninas. Porque, no final das contas, eu continuo sem conhecer nada da vida... e com mais vontade ainda de saber tudo o que ela tem a me oferecer. E diga-se de passagem, algo me diz que não é coisa pouca não!

E nesses segundos que me pareceram bem mais que segundos, me restou uma pergunta: será que a porta se orgulha da Srta Rosa que me tornei - ou melhor, daquilo que estou me tornando?

Mês que vem eu pergunto pra ela!

Inaugurando.

A meu ver, para inaugurar um blog, basta começar a despejar os textos, um a um, ou aos montes. Mas este aqui merece uma introdução.



O ¡Sí, Señoritas! não tem a pretensão de ser profundo, informativo, irônico ou divertido nem a obrigação de ser atualizado semanalmente e muito menos que você goste dele. Este blog é um descompromisso: apareceremos aqui quando quisermos para falar daquilo que nos dá ganas. E podem ser textos de autoria nossa, ou de outrém, músicas, poesias... aqui nós fazemos o que queremos. Ponto parágrafo. (responsabilizo-me por toda a mau educação contida por aqui)

Em todo o caso, se já estás por aqui, sinta-te a vontade. Ajeita-te na cadeira da maneira mais confortável que te convier, aproxima-te do monitor (ou afasta-te, decisão tua!), ponha alguma música agradável (Marisa Monte cai muito bem!) e mergulha em nossos cotidiano, devaneios, confissões, pensamentos e paixões. E sinta, reflita, ria ou te emociona com nossas palavras. Elogios e críticas, além de expressões pessoais são altamente bem-vindas - caixa de comentários à disposição!

E foi dada a largada!