Saturday, December 02, 2006

Tanto fez, tanto faz.

São 10 em ponto, há margaridas amarelas na minha frente e rosas avermelhadas perto. Há canções e violão como companhia. E a luz tenta iluminar. As vozes dizem sobre o amor, sobre alma, sobre pares. Tenho as unhas pintadas de vermelho-vinho-escuro e um outro diz que o futuro me reserva uma personalidade femme fatale.
O futuro, ah. A gente insiste em dizer que pegar um caminho diferente leva a um outro destino. E acaba por pegar um caminho diferente, só que já se conhece esse outro destino. Ele é a continuação infinita do presente.

Dói admitir. Todavia, eu sinto aquele frio que a certeza propaga pela coluna vertebral. E ainda sei um sinônimo para essa estação final: solidão. Assim como hoje, agora. São 10 e pouco, é um sábado à noite, há flores perto, há cantores amadores, há bolsas vistosas, há até um celular e seus muitos números. Há tanto e há nada.

Afirmo que a temporada homealone serve para aproximar-me de mim. Interiorizo-me. A cruel verdade é que tomar o chá sozinha e sem ter uma voz que converse é frustrante. Como a rainha que se vê em um xeque-mate inútil, os peões mortos, o rei débil e caído fora do tabuleiro, os cavalos a estrebuchar, bispos decapitado e torres destroçadas. A ela, as tarefas delegadas sempre foram superficiais. A rainha pode terminar como seu rei inútil, o qual só se movimenta uma casa. Mas não. Ela se faz metamorfose e tem todas as jogadas.

Solidão, mesmo que ganhe. Dá igual. Dá igual. Dará igual. Tanto faz se ganhar ou perder, no final será sempre sozinha.

E é isso o que acontece. Esse título de dama é em vão. Tampouco adianta saber como cortar uma banana em restaurante fino e como discutir literatura. No final das somas e divisões, o que espera é a xícara de chá calmante acompanhado pelo barulho tilintante da colher. Essa que mexe e remexe os planos irrealizados.

2 Comments:

Blogger ana rita said...

desce do trono rainha
desce do seu pedestal
de que te vale a riqueza sozinha
enquanto é carnaval
desce do sono princesa
deixa o seu cetro rolar
de que adianta ver tanta beleza
se não se pode tocar
não é o altar que te faz mais divina
Deus também desse do céu
Desce da suas alturas
Desce da nuvem meu bem
Porque que não deixa de tanta frescura
e vem para a rua também

(Arnaldo Antunes disse sabiamente e eu repito os trechos da música. Marina, cá estou eu de amiga boba, e você de rainha segurando a colherzinha. Eu já cansei de repetir, opções não lhe faltam hahhahahhahahahahaha, todas aprovadas por mim pessoalmente! hahahahhahahhahaha. Essa é a parte que você me chama de boba. Aí eu respondo boba é você que não aproveita!hahahahhahah)
beijocas mocinha

5:21 PM  
Blogger Flávio A said...

eu sei bem como é lanchar sozinho, sem ter com quem repartir o sentimento.

mas, depois, querendo ou não (!), a gente acha.

11:08 AM  

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